Não adianta J.P. Pereira e muitos outros se indignarem com as praxes, quando estas têm a benção ao mais alto nível, com a excepção militante do actual Ministro e de um ou outro, poucos, Reitores.
Mais, agora têm também a benção da PSP. Ora toma!
DN, 15 Set. 2017:
http://www.dn.pt/lusa/interior/psp-de-lisboa-alarga-programa-escola-segura-e-cria-projeto-universidade-segura-8774316.html
Numa sessão de esclarecimento, a PSP alertou os caloiros presentes para a necessidade de praxes seguras, dando a conhecer "os direitos que os caloiros têm".
De acordo com o membro da direção da FAUL, Miguel Baptista-Bastos, "na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa as praxes são muito criativas e são quase uma iniciação de um aluno do ensino secundário que entra no ensino superior".
Para já o projecto-piloto da Universidade Segura é promovido pela PSP de Lisboa através da Divisão que abrange as zonas de Campo Ourique, Estrela, Alcântara e Belém.
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Sobre a praxe e o direito a viver no século XXI
O momento é o da denúncia. Quem não a faz é conivente com a praxe.
Luís Monteiro, 19 de setembro de 2017, 6:31
https://www.publico.pt/2017/09/19/sociedade/noticia/sobre-a-praxe-e-o-direito-a-viver-no-seculo-xxi-1785809
Proibir a praxe: sim ou não? Sou assumidamente anti-praxe. Mas não tenho para mim que a solução passe por uma qualquer tentativa de proibir ou perseguir quem faz parte destes grupos. No entanto, também acredito que, no dia em que existirem mecanismos suficientes de denúncia e que qualquer estudante que pressione, humilhe, exerça algum tipo de poder sobre o outro seja punido por lei, tal como acontece em todos os outros espaços do dia-a-dia, os alicerces desta prática desabam. Por outras palavras: no dia em que a praxe não for sexista, machista, hierárquica, homofóbica, violenta, deixa de ser praxe.
O desconforto sentido entre aqueles que ainda defendem este tipo de práticas reside no facto de o tema ter-se tornado um debate público, deixando de ser tabu. No meio de todo este debate, desde as tentativas de defender o indefensável, continuamos todos à espera de alguém que defenda abertamente o conteúdo do tal “Manual de Sobrevivência do Caloiro” da praxe da FCUP. Ao contrário do que possa parecer, este não é um debate sobre proibições, é um debate sobre liberdades: a maior de todas é poder escolher viver no século XXI.
Deputado do Bloco de Esquerda