Lei n.º 62/2007, art. 75.º n.º 4 b) - Constituem infracção disciplinar dos estudantes: A prática de actos de violência ou coacção física ou psicológica sobre outros estudantes, designadamente no quadro das «praxes académicas».

17
Mar 18

Julgamento de estudantes acusados da morte de três alunos na praxe vai ser repetido

O Tribunal da Relação de Guimarães ordenou a repetição do julgamento dos quatro estudantes da Universidade do Minho acusados de homicídio por negligência, na sequência da queda de um muro que matou três colegas, em Abril de 2014.

https://www.publico.pt/2018/03/15/sociedade/noticia/relacao-manda-repetir-julgamento-de-morte-de-tres-alunos-da-universidade-do-minho-1806822

https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/julgamento-de-estudantes-acusados-da-morte-de-tres-alunos-na-praxe-vai-ser-repetido

https://www.dn.pt/lusa/interior/relacao-manda-repetir-julgamento-de-morte-de-3-alunos-da-universidade-do-minho-9190587.html

https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/so-vivo-bem-comigo-por-nao-sentir-culpa-diz-amigo-de-estudantes-que-morreram-em-praxe?ref=Sociedade_BlocoFimPagina

https://ominho.pt/acusado-na-morte-de-alunos-em-braga-inconformado-com-afastamento-da-camara-do-processo/

https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/muro-que-matou-estudantes-da-universidade-do-minho-estava-danificado-ha-anos


31
Out 16

Achamos que isto não é alheio à clara condenação pública pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, de estes actos impróprios em instituições de ensino, sejam superiores ou inferiores. Mas que no dito "Superior" tem tido a cobertura negligente, por indiferença, omissão ou inacção, das respectivas instituições.

O que se aguarda é que, apesar de tudo um acto de coragem por ir contra o estabelecido, tenha consequências para os infractores e seja feita justiça às vítimas.

 

Nove denúncias contra praxes abusivas no arranque deste ano lectivo
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/praxes-abusivas-motivaram-nove-denuncias-neste-ano-lectivo-1749540

Em dois meses há quase tantos casos como em todo o ano anterior. DGES quer saber o que se passou com alunos da Escola Náutica Infante D. Henrique.

publicado por contracorrente às 20:50

17
Jul 16

 Tribunal Europeu dos Direitos Humanos aceita queixa de pais do Meco
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/tribunal-europeu-dos-direitos-humanos-aceita-queixa-de-pais-do-meco-1738463


É um passo importante: a maioria das reclamações que chega a Estrasburgo são liminarmente rejeitadas.

publicado por contracorrente às 01:50

05
Mar 15

A única certeza, até à data, é a morte. Que de forma não inédita marca estes rituais.

------------------
Dux da Lusófona não vai ser julgado pelas mortes no Meco.
Famílias das vítimas admitem levar o caso até ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
http://expresso.sapo.pt/dux-da-lusofona-nao-vai-ser-julgado-pelas-mortes-no-meco-juiz-nao-houve-comportamento-tiranico=f913453

Tribunal não encontra crime nas seis mortes do Meco
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=4434089
Juiz de instrução de Setúbal decidiu arquivar o processo da morte dos seis jovens na Praia do Meco, a 15 de dezembro de 2013 e não leva o único sobrevivente, João Gouveia, a julgamento.


18
Fev 15

É tão difícil fazer justiça?

Não, não falamos da justiça que convenha a uma das partes. Neste momento apenas do direito a ouvir todos os que possam aportar alguma informação que esclareça as sombras, qual capa negra, que é lançada sobre a morte de seis jovens.

Noutras circunstâncias quem de direito empenhar-se-ia por ouvir exaustivamente todos procurando apurar os factos. Porquê aqui não?

Quantas vezes a pedra terá que ser levada ao cimo da montanha, à porta do tribunal, para voltar ao inicio?

 

Meco: Processo vai continuar, mesmo que caso não vá para tribunal, revela advogado

O advogado das famílias dos seis jovens que morreram na praia do Meco garantiu hoje que o processo judicial vai continuar, mesmo que o caso não vá para julgamento.

"Ainda podemos recorrer ao Tribunal dos Direito do Homem, ao Tribunal da Relação ou pedir a responsabilidade civil", disse Vítor Parente Ribeiro, reafirmando a ideia de que a investigação do caso terá sido mal conduzida desde o início.

Desiludidos, os familiares dos seis jovens também lamentaram à chegada ao tribunal que o juiz de instrução tivesse recusado a inquirição dos médicos do INEM e do Hospital Garcia de Orta que assistiram o único sobrevivente e arguido no processo, João Gouveia depois da tragédia na praia do Meco, em que morreram seis jovens alunos da Universidade Lusófona de Lisboa.

Para José Campos, pai de uma das vítimas, Tiago Campos, o depoimento do perito do Instituto de Medicina Legal na fase de instrução veio confirmar que João Gouveia nunca terá estado dentro de água, o que corrobora a convicção das famílias de que os seis jovens morreram na sequência de uma praxe na praia do Meco.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=760360
Diário Digital com Lusa

publicado por contracorrente às 00:07

30
Jul 14

A forma fácil de expiar é acusar?

Nunca subscrevemos a tese de que um acusado salva a honra. O que sempre vimos, como regra com raras excepções, é que a culpa morre solteira.

Sempre aqui dissemos, ao lamentar as muitas mortes que em todas, nestas e nas anteriores, para além dos autores materiais estavam e continuam impunes os autores morais, os que por conivência e omissão permitem que estes actos se tenham institucionalizado nas suas instituições.

Mas, voltando ao expiar e não professando, dizemos apenas com amarga ironia: perdoem-lhes que não sabem o mal que fazem. A uns e a outros.

 

Mortes no Meco: Ministério Público arquiva caso.

O facto de João Gouveia não ter levado consigo, no fatídico passeio até à praia, a colher de pau – “a mais nobre e simbólica insígnia da praxe”, segundo o código ritual  – mostra, segundo o despacho de arquivamento, que terá abdicado, nesse momento e daí em diante, do seu ascendente hierárquico.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/nao-houve-um-dux-paranoico-a-conduzir-jovens-do-meco-a-morte-1664802

publicado por contracorrente às 23:38

25
Jul 14

Desde a primeira hora que foi ventilada para a imprensa esta possibilidade, qual balão sonda, para testar as reacções da inerte opinião pública.

Ver arquivo: 04.04.2014; 15.05.2014;

 

E recuperando o escrito pelo repórter do ElPaís a 15.Fev., palavras premonitórias:

"Hace dos semanas, tanto los políticos como la prensa lusa martilleaban sobre la conveniencia o no de prohibir estas prácticas. Ahora da la impresión de que todo el mundo asume que todo vaya a seguir igual".

 

Ministério Público conclui que não houve crime no Meco.
Despacho de arquivamento é divulgado nos próximos dias.
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=4045945#AreaComentarios

 

Inquérito à tragédia do Meco dá razão à tese de acidente
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/inquerito-a-tragedia-do-meco-da-razao-a-tese-de-acidente-1664179


04
Abr 14

"as mortes resultaram de um acidente, não havendo provas directas de responsabilidade criminal do único sobrevivente. Por este motivo (...) não há qualquer arguido constituído no processo, cenário que, a continuar, impossibilitará o MP de deduzir acusação".

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/judiciaria-ainda-preve-realizar-dezenas-de-diligencias-no-caso-meco-1631031

publicado por contracorrente às 18:19

01
Mar 14

Colégio Militar: Três ex-alunos condenados com pena de multa
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=3712832
Três ex-alunos do Colégio Militar foram condenados a penas de multa, por ofensas à integridade física, na sequência da leitura do acórdão. Arguidos condenados a pagar 1050, 600 e 300 euros de multa.

Tribunal condena três ex-alunos do Colégio Militar por ofensas à integridade física
Ana Henriques, 28/02/2014 - 12:10
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/tribunal-condena-tres-exalunos-do-colegio-militar-por-ofensas-a-integridade-fisica-1626558
O Ministério Publico havia pedido, nas alegações finais, a absolvição de cinco dos oito ex-alunos do Colégio Militar acusados de terem agredido com violência colegas mais novos, tendo deixado cair a acusação de maus tratos.

Três ex-alunos do Colégio Militar condenados a multas por ofensas à integridade física
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=688045
O tribunal condenou hoje três dos oito ex-alunos do Colégio Militar ao pagamento de multas por ofensas à integridade física cometidas contra outros três estudantes, no ano letivo de 2006/07 e no início de 2008.


18
Fev 14
Juiz rejeita constituir familiares dos que morreram no Meco como assistentes
Por Mariana Oliveira
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/juiz-rejeita-por-motivos-formais-constituicao-de-assistentes-de-familiares-dos-jovens-que-morreram-no-meco-1624238
Falta de certidões de óbito, que comprovam a legitimidade das famílias, e não pagamento de uma taxa de justiça suplementar explicam a recusa.
publicado por contracorrente às 23:31

24
Jan 14

Pais de jovens que morreram no Meco reúnem-se este sábado para decidir “próximo passo”
http://www.publico.pt/portugal/noticia/pais-de-jovens-que-morreram-no-meco-vaoreunirse-no-sabado-para-decidir-proximo-passo-1620835
Catarina Gomes
24/01/2014 - 07:34
Conselho de Oficial da Praxe Académica da Universidade Lusófona de Lisboa ainda não deu resposta às perguntas dos pais.
 

Houve apenas um sobrevivente do grupo dos sete que foram passar o fim-de-semana a Aiana de Cima, o então dux do COPA, o chefe máximo da praxe.

 

Vítimas do Meco vistas a rastejar com pedras nos tornozelos
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=3648828
por Roberto Dores

Moradores de Aiana de Cima, onde o grupo tinha casa alugada, viram estudantes a serem humilhados e chamaram a atenção. "Isto é uma praxe. Não se meta", foi a resposta.

O relato é feito ao DN por Cidália Almeida, uma das vizinhas de um terreno baldio na rua das Flores, a cerca de 300 metros na casa que tinham arrendado para o fim-de-semana. "Aquilo intrigou-nos tanto, porque ninguém percebia o que estavam ali a fazer sete jovens, com trajes académicos, mas a rastejar pela terra e com pedras presas nos tornozelos."


22
Jan 14

A tragédia já ocorreu há uns dias mas as notícias continuam a cair. Se até ontem ainda existia o pressuposto "in dubio pro reo", agora começa a ser evidente um trágico facto. Mais um, mas este de uma dimensão nunca antes vista.

Estranhamos que os dirigentes da instituição pouco ou nada digam, limitando-se a um inquérito para um lavar de mãos?

E da tutela, do ministério, nada?

Será isto suficiente ante seis, seis!, mortes.

Há claras evidências de um crime muito grave, moral e também material, por infelizmente se ter consumado.

A vida destes pais não mais será igual. E a pergunta que tantas vezes aqui repetimos fica no ar: ATÉ QUANDO?

 

Actualização em relação a post anterior:

 

Antigo responsável pelo conselho de praxes da Universidade Lusófona diz que era habitual organizarem fins-de-semana, pelo menos uma vez por ano.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/investigacao-ao-acidente-do-meco-muda-de-maos-e-passa-a-estar-em-segredo-de-justica-1620599

Nesse fim-de-semana, o dux ainda era João Gouveia. O estudante tem-se remetido ao silêncio, está a receber acompanhamento psicológico, mas os pais das vítimas já fizeram um ultimato, que dirigiram ao COPA. Querem que alguém lhes diga como é que os filhos morreram. Dão um prazo: quinta-feira. Caso contrário, ameaçam com outras medidas, desde jurídicas à divulgação de mais informações para a comunicação social. Uma das grandes dúvidas é se os jovens estavam ou não no mar na madrugada de dia 15 e se isso constaria de uma praxe, diz Fátima Negrão, mãe de uma das vítimas.

 

Pais de jovens que morreram no Meco fizeram ultimato ao conselho de praxe da Lusófona
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/pais-de-jovens-que-morreram-no-meco-fizeram-ultimato-ao-conselho-de-praxe-da-lusofona-1620561

João Gouveia, o dux que liderava a comissão de praxes na altura do ocorrido, e que é o único sobrevivente, vai ser ouvido pela Polícia Marítima de Setúbal em quem o Ministério Público delegou a audição.

 


21
Jan 14

Praxe volta a matar? Já não seria a primeira vez.

E até quando os dirigentes das academias toleram a existência e a impunidade destas personagens nas suas instituições?

Se é válido o princípio jurídico "in dubio pro reo", não deixa de ser menos válido o princípio de autoria moral, no caso por omissão, por não aplicação dentro das academias da lei civil, para não as transformar em espaços de exclusão ou excepção, onde um traje negro autoriza todos os actos obscuros.

-----------------

"Lusófona abre inquérito para esclarecer morte de estudantes na praia do Meco"

http://m.tsf.pt/m/newsArticle?contentId=3642362&page=1

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=710955&tm=8&layout=122&visual=61

 

Comissão da Praxe em silêncio
Antes, nem a Universidade Lusófona nem a associação académica da instituição comentaram as notícias várias que têm vindo a público, nomeadamente as avançadas pelo Jornal de Notícias e pelo Correio da Manhã, de que esteve mais uma pessoa na praia além do sobrevivente e de que na sexta-feira o Dux da Comissão de Praxes foi “destituído” pelos colegas, na sequência deste caso.

“A Académica Lusófona nada tem a ver com as Praxes Académicas, sendo essa actividade praticada e desenvolvida apenas pela COPA [Comissão Organizadora da Praxe Académica]”, respondeu a académica, por e-mail.

“Neste momento, o responsável pela COPA é o Dux Honorário Fábio Jerónimo, pelo que ele é o único que pode responder às vossas questões (não temos qualquer tipo de contacto do mesmo)”, acrescenta.

 Entre os alunos que não responderam às tentativas de contacto está ainda João Miguel Gouveia, que tem sido identificado como o Dux à data do acidente e que foi o único a sobreviver à tragédia. O PÚBLICO sabe que este estudante tem estado a receber apoio psicológico, considerando o técnico que o acompanha que ele ainda não está em condições de falar sobre o que aconteceu no Meco. Fábio Jerónimo estará agora a substitui-lo na comissão de praxe.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/so-uma-das-seis-vitimas-mortais-do-meco-foi-sujeita-a-despiste-de-drogas-e-alcool-1620446#/0

 

 


06
Jan 14

Ministério Público pede absolvição para cinco dos oito arguidos no caso do Colégio Militar

Procuradora deixa cair acusação de maus tratos, o que deixa estarrecido advogado dos queixosos.

[Para a magistrada] ficaram [...] provadas as agressões praticadas [...] os réus são apenas culpados de ofensas corporais simples.
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/ministerio-publico-pede-absolvicao-para-cinco-dos-oito-arguidos-no-caso-do-colegio-militar-1618601

publicado por contracorrente às 18:43

18
Set 13

Oito ex-alunos julgados por maus tratos cometidos

 

Vítimas ficaram 688, 83 e 22 dias em convalescença devido às lesões sofridas.

 

Oito ex-alunos do Colégio Militar vão começar a ser julgados a 1 de Outubro por maus tratos cometidos, alegadamente, no interior daquela instituição de ensino no ano lectivo de 2006/07 e no início de 2008, contra outros três estudantes.

O despacho de pronúncia salienta que os “actos de agressão praticados pelos oito arguidos, dada a manifesta inferioridade e temor reverencial dos ofendidos, são repugnantes e indignos de alunos que frequentaram tão prestigiada instituição”.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/oito-exalunos-julgados-por-maus-tratos-cometidos-no-colegio-militar-1606072

publicado por contracorrente às 19:28

11
Mai 13

"[...] Iria reencontrar as praxes académicas muito mais tarde, com inesperada pujança e agressividade, quando regressei à Universidade como professor. À parte algum episódio de esporádico bom humor, é profundamente degradante o espetáculo das "praxes" exibidas nos espaços públicos das nossas universidades. Ao longo de todo o ano letivo os lugares de recreio e lazer são infetados pelos "praxistas", em uniformes negros, que conduzem os colegas do primeiro ano como se fossem rebanhos, em marchas e formaturas de paródia marcial, ridiculamente vestidos, com os rostos pintados, contorcidos em posições obscenas, coagidos a posturas humilhantes, obrigados a demonstrações de obediência canina aos sinais de comando dos seus rústicos pastores.

Não bastam os esforços concertados das autoridades universitárias e das associações de estudantes. A retórica sobre o "livre consentimento" dos "caloiros" esconde a natureza compulsiva e degradante destes simulacros de tribalismo iniciático bem identificado e caracterizado pelos antropólogos nas sociedades primitivas, a par das amputações e do canibalismo rituais. É preciso que esses jovens irresponsáveis e os adultos que os incentivam percebam que nenhum cidadão decente, nenhuma pessoa que se preze, pode aceitar que a missão da Universidade se degrade ao ponto de tolerar esta barbárie. O Diogo Macedo era um belo jovem de 22 anos quando foi cobardemente assassinado nesse ano distante de 2001. Um silêncio cúmplice esconderia para sempre os autores do brutal espancamento que levou o Diogo à morte. É demasiado tarde. Repetimos, com Fernando Pessoa: "Tão jovem! Que jovem era! / (Agora que idade tem?) /(...) "(Malhas que o Império tece!) / Jaz morto, e apodrece, / O menino da sua mãe".

http://www.jn.pt/opiniao/default.aspx?content_id=3211096&opiniao=Pedro%20Bacelar%20de%20Vasconcelos

publicado por contracorrente às 22:55

13
Nov 12

Que sirva de bom exemplo...

Universidade Lusíada obrigada a indemnizar família de aluno que morreu após praxe

A Relação do Porto confirmou uma decisão do tribunal de Famalicão que obriga a Universidade Lusíada a indemnizar os pais de um aluno que morreu após ser submetido a uma praxe, disse hoje fonte ligada ao processo.

Em acórdão datado de quinta-feira, que a agência Lusa consultou hoje, a secção cível da Relação do Porto julga improcedente uma apelação da universidade, confirmando a sentença recorrida, que condena a ré a pagar mais de 90 mil euros aos familiares de Diogo Macedo.

A vítima frequentava o 4.º ano de Arquitetura do pólo de Famalicão da Universidade Lusíada e era «tuninho» (membro de categoria inferior) na tuna daquele estabelecimento de ensino superior.

 

A vítima, então com 22 anos de idade, frequentava o 4.º ano do curso de Arquitectura do pólo de Famalicão da Universidade Lusíada, mas nunca passara de caloiro na tuna daquele estabelecimento de ensino superior. Por causa disso, seria alvo frequente de praxes perpetradas pelos colegas mais velhos.

Diogo sentiu-se indisposto após ser praxado, numa noite de ensaios da tuna, em 8 de Outubro de 2001, e foi conduzido ao Hospital de Famalicão. Esteve em coma e morreu sete dias depois, já no Hospital de S. João, no Porto.

 

Diário Digital / Lusa / Jornal Público

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=601623

 

http://publico.pt/Sociedade/universidade-lusiada-obrigada-a-indemnizar-familia-de-aluno-que-morreu-apos-praxe-1572356

publicado por contracorrente às 20:52

30
Set 12

Pai da caloira internada depois de praxe diz que a filha sempre foi saudável
29.09.2012 - 11:44 Por Carlos Dias
Decorridos três dias sobre o incidente que a conduziu aos cuidados intensivos do hospital de Beja, uma jovem caloira vítima de um evento cardíaco ainda não tem diagnóstico sobre o que terá precipitado o problema, referiu a porta-voz da unidade hospitalar.

Contudo, os relatos de violência física e coacção psicológica são uma constante nas praxes realizadas por vários cursos do IPB. Sobre esta praxe em concreto, não foi possível encontrar quem descrevesse os pormenores sobre como decorreu.
Um ex-aluno da ESTIG, João Malveiro, enviou ao PÚBLICO um depoimento sobre a sua própria experiência durante a praxe a que foi sujeito no ano lectivo de 2008/2009:
"Nesse dia assisti a algumas cenas menos felizes por parte dos praxantes, desde obrigarem caloiros a partilhar cebolas como refeição, caloiros pintados com marcadores Raidex, que são utilizados em gado, constante abuso quer físico quer psicológico. Cheguei mesmo a assistir a raparigas a serem passeadas pelos praxantes com uma trela e de gatas em terreno hostil. Os caloiros neste Politécnico são sujeitos a uma pressão esmagadora por parte dos alunos mais antigos."
As notícias entretanto veiculadas e que faziam referência a antecedentes cardíacos da jovem foram refutadas pelo pai que, em declarações ao PÚBLICO, garantiu que a filha "era uma jovem saudável" sem outras doenças que não vulgares constipações. Tem 25 anos e é mãe de uma filha com três anos. O pai descreveu que tanto na gravidez como no parto e na maternidade "nunca foi observada qualquer anomalia no coração, nem tensão alta teve".

A jovem está em estado crítico.  Num comunicado enviado pelo IPB aos órgãos de comunicação social é descrita a "consternação" que afectou "todos os responsáveis, estudantes e demais colaboradores" quando tomaram conhecimento da "doença súbita" da jovem caloira. Neste sentido, a direcção da escola decidiu "suspender simbolicamente todas as actividades integradas no período de recepção aos novos alunos". Nem uma palavra sobre os "excessos" que foram cometidos durante a praxe.
http://www.publico.pt/Sociedade/pai-da-caloira-do-politecnico-de-beja-garante-que-a-filha-sempre-foi-saudavel-1565108

publicado por contracorrente às 03:13

Das notícias recentes, reproduzimos aqui algumas das justas afirmações nas caixas de comentários:

 

Tereza Knapic . 29.09.2012 13:57
a praxe é uma prática fascista
quando se obriga alguém a fazer aquilo que queremos apenas porque a nossa posição hierárquica é superior e quando o que se obriga alguém a fazer é "não normal" (não saímos á rua pintados com marcadores nos braços, nem de mão dada com estranhos, nem aos berros - só para referir alguns dos exemplos considerados... normais) estamos a sujeitar o outro a uma humilhação em maior ou menor escala; e isso, doa a quem doer, tem um nome: fascismo. O que é curioso é que são os mais jovens que têm a mania que entendem todas as dimensões da palavra Liberdade que demonstram não perceber de todo o que é; liberdade e respeito pelo outro são quase sinónimos. Numa sociedade verdadeiramente livre e defensora dos direitos de cada um, estes praxadores seriam acusados judicialmente de tentativa de homicídio.

Ângelo Miguel . 29.09.2012 12:39
Façam como se deve fazer numa situação
destas. Acusem de tentativa de homicídio involuntário. Cabe à procuradoria geral da república investigar e proferir uma acusação. E cabe ao instituto politécnico abrir um processo disciplinar conducente à expulsão dos alunos envolvidos. Basicamente cumpra-se o que está estipulado na lei.

Anónimo , Lisboa. 29.09.2012 16:27
É uma vergonha!
Os dirigentes das universidades, faculdades, institutos e politécnicos que tenham coragem e: a) proíbam as praxes no interior dos edifícios e nos recintos adjacentes; b) obriguem a cumprir um código muito estrito, avisando claramente os caloiros de que não são obrigados a submeter-se às praxes; c) chamem a polícia e processem os envolvidos em casos de abusos; d) estabeleçam sancções disciplinares pesadas para quem abuse da sua posição; e) coloquem funcionários e professores a supervisionar algumas das praxes para controlar os excessos. Infelizmente, não acredito que haja coragem e vontade para isto. Os praxados e as pessoas que sofreram excessos deviam antes iniciar queixas formais quer contra colegas, quer contra as instituições de ensino, quer ainda contra o ministério.

publicado por contracorrente às 02:30

28
Set 12

Talvez só quando alguém se sentar no banco dos réus, autores e cúmplices.

 

Caloira acaba no hospital de Beja depois de praxe
28.09.2012 - 14:12 Por Carlos Dias, Romana Borja-Santos
A estudante matriculada na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTIG), do Instituto Politécnico de Beja (IPB), que ficou inanimada depois de ter participado numa praxe académica na quarta-feira, já teria problemas cardíacos, confirmou ao PÚBLICO uma fonte do Hospital José Joaquim Fernandes de Beja. Dois dias depois do incidente, a aluna de 25 anos continua internada na unidade de cuidados intensivos polivalentes do Hospital de Beja com “problemas cardíacos não especificados” e com prognóstico “muito reservado”, revelou a mesma fonte. Na sequência do incidente que vitimou a jovem estudante de Beja, o presidente do IPB, Vito Carioca refere num comunicado divulgado esta sexta-feira que a instituição “decidiu suspender simbolicamente todas as actividades integradas no período de recepção aos novos alunos”, depois de ter tomado conhecimento da doença súbita de uma das estudantes do IPB.

O PÚBLICO assistiu a uma dessas praxes. Na mata municipal perto da ESTIG, um jovem foi obrigado a fazer flexões com as pontas dos pés e as mãos apoiadas em tijolos rodeado de veteranos e veteranas que o visavam com impropérios ofensivos. Quando terminou o "exercício", estava completamente exausto e alagado em suor e com dificuldade em aguentar-se de pé.

http://www.publico.pt/Local/caloira-acaba-no-hospital-de-beja-depois-de-praxe-1564956

publicado por contracorrente às 16:45

31
Mai 12

O dito CVUC - Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra - decreta a "supensão da praxe durante os próximos três e quatro períodos".

A bem dizer: o CVUC sacode a água do capote pela autoria moral da clara e explícita "Praxe de Gozo e de Mobilização".

Arriscar-se-ia a sentar-se no banco dos réus. Assim, no reino dos brandos costumes, quem tem capa sempre escapa.

 

Conselho de Veteranos de Coimbra suspende oito estudantes por causa de praxes
30.05.2012 - 12:47 Por João d´Espiney
Oito estudantes da Universidade de Coimbra (UC) foram suspensos do exercício da praxe durante os próximos três e quatro períodos, consoante os casos.

http://publico.pt/Educa%C3%A7%C3%A3o/conselho-de-veteranos-suspende-oito-estudantes--1548198

publicado por contracorrente às 01:50

30
Out 11

O Tribunal de Famalicão condenou a Universidade Lusíada a pagar 91.350 euros de indemnização, por danos morais, à mãe de Diogo Macedo, estudante do 4.º ano de Arquitectura que morreu em Outubro de 2001 depois de ter sido submetido a uma praxe nas instalações da universidade, em Famalicão.

[...] O juiz vai mais longe: «Estando nós perante uma academia (...) que ministra cursos de Direito há vários anos, tendo por isso a obrigação de estar mais ciente de todos os direitos, valores e normativos que foram postos em causa, mais se torna premente considerar que esse dever (...) deveria estar mais presente nas mentes dos responsáveis».

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=31916

publicado por contracorrente às 06:44

13
Fev 10
Cinco anos de prisão para veterano que violou "caloira"

Crime no Enterro da Gata de 2008

 

Por Samuel Silva

Um colectivo de juízes do Tribunal de Braga condenou, anteontem, um antigo estudante da Universidade do Minho a cinco anos de prisão efectiva, dando como provada a violação de uma colega mais nova durante as festas académicas de 2008. O autor do crime era um veterano da licenciatura em Engenharia Biomédica, que abusou de uma "caloira" do mesmo curso durante o Enterro da Gata.

A vítima, então com 18 anos, foi agredida e violada pelo colega de curso, que na altura tinha 25 anos. O crime aconteceu de madrugada, dentro do recinto de concertos dos festejos académicos do Minho, na zona envolvente ao estádio municipal de Braga.

A moldura penal prevista para o crime de violação varia entre de três a dez anos de prisão. A sentença do Tribunal de Braga condena o jovem a uma pena efectiva de cinco anos de cadeia, que é ainda acrescida da obrigatoriedade de indemnizar a vítima em 35 mil euros por danos morais e patrimoniais. A não apresentação de sinais de arrependimento durante o julgamento e a conduta fria nas quatro sessões de audiência pesaram na decisão do colectivo de três juízes que julgou o caso.

A decisão foi recebida com agrado pela vítima. O advogado da jovem, Paulo Ferronho, considera que se "fez justiça". "Trata-se de um crime grave em que não foi dada a hipótese de pena suspensa, algo que deixou a minha cliente satisfeita", diz o jurista, esperando que desta forma a vítima possa ultrapassar o trauma causado pela violação.

A estudante acabou por desistir do curso em Braga, tendo pedido transferência de universidade, por se recusar a voltar à cidade face aos danos psicológicos sofridos. A decisão do colectivo de juízes está a ser analisada pelo representante do ex-estudante condenado, Rui Martins, que não decidiu ainda se haverá ou não recurso da sentença.

http://jornal.publico.clix.pt/noticia/13-02-2010/cinco-anos--de-prisao-para-veterano-que-violou-caloira-18790641.htm

 

publicado por contracorrente às 11:34

28
Out 09

Mariano Gago envia quatro queixas de praxe para PGR

Por Bárbara Wong

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior recebeu cinco queixas de praxes que alegadamente terão tido gravidade. Destas, quatro foram enviadas para a Procuradoria-Geral da República, informa o gabinete de imprensa do ministro. Sobre a quinta participação "foram pedidos mais elementos".

Há cerca de um mês, o ministro anunciou, numa carta enviada às instituições de ensino superior, que faria denúncia ao Ministério Público sempre que surgisse uma "notícia de práticas de ilícitos graves nas praxes". Na altura, o ministro avisava que poderia "responsabilizar civil e criminalmente" as escolas ou as associações académicas pelos excessos.

Este ano, a Universidade Lusíada foi condenada a pagar 90 mil euros à família de um jovem morto em 2001 na sequência de uma praxe, o Instituto Piaget foi condenado a pagar 36 mil euros a uma jovem vítima de praxe e seis ex-alunos da Escola Agrária de Santarém foram condenados por co-autoria de um crime de ofensas à integridade física qualificada.

http://jornal.publico.clix.pt/noticia/27-10-2009/mariano-gago-envia-quatro-queixas-de-praxe-para-pgr-18095622.htm

publicado por contracorrente às 21:11

27
Set 09

Isto não se faz a ninguém. E não se faz sobretudo a uma mãe, matar-lhe um filho. Canalhas!

 

O jornal "i-online" noticia que o médico que denunciou o caso se "suicidou" (ver link no final deste post). A ter sido assim, e sem outros esclarecimentos, isso é de uma extrema gravidade. E porquê um silêncio sepulcral em torno destes acontecimentos?

Não está na nossa matriz acreditar em bruxas, mas que elas andam por aí lá isso andam, a fazer das suas.

 

A Grande Reportagem de Felícia Cabrita (em 2004), é um verdadeiro murro no estômago.

Ver link no final deste notícia.

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Praxe: Lusíada tem de pagar 90 mil euros à família de aluno morto

 

A Universidade Lusíada, de Vila Nova de Famalicão, foi condenada por omissão de acção, no caso da praxe violenta, ocorrida em Outubro de 2001, no seio da tuna académica, e que resultou na morte de Diogo Macedo, de 22 anos, aluno de Arquitectura.

 

A Universidade Lusíada de Famalicão vai pagar uma indemnização de 90 mil euros à família do jovem universitário que terá morrido na sequência de uma praxe académica, divulgou hoje o Movimento Anti-Tradição Académica (MATA).

 

O Tribunal Cível de Famalicão responsabilizou a universidade pelo homicídio do Diogo Macedo, em 2001, após ter sido submetido a praxes por parte da tuna a que pertencia.

Para o tribunal, a instituição 'não controlou nem evitou as praxes académicas', diz o MATA num comunicado de imprensa enviado para a Lusa.

'O Tribunal considerou provado que nunca a ré (universidade) teve algum controlo efectivo sobre esse tipo de praxes violentas e humilhantes. Não temos notícia que alguma vez tenha proibido a violência mencionada, aliás os factos apurados mostram a ausência de intervenção', cita o movimento.

O homicídio agora julgado remonta a Outubro de 2001, quando Diogo Macedo era estudante do 4.º ano de Arquitectura e membro da tuna.

Na noite em que o jovem decidiu abandonar a tuna acabaria por falecer devido a lesões cérebro-medulares, 'após acontecimentos ainda por esclarecer', explica o MATA.

De acordo com a associação, a morte começou por ser considerada acidental, mas as suspeitas de um médico do Hospital de S. João fizeram com que mais averiguações fossem efectuadas. A autópsia veio a revelar 'múltiplas escoriações corporais, além da fractura de uma vértebra cervical contraída por agressão e que teria sido a causa da morte'.

Na sequência destes factos, dois elementos da tuna foram constituídos arguidos. Contudo, o processo foi arquivado em 2004 por falta de provas. O MATA lembra que numa das sessões de tribunal em que as testemunhas estavam a ser ouvidas, 'o próprio juiz reconheceu o 'muro de silêncio' que tinha sido criado': era 'uma única versão conjunta de nada'.

Depois do processo-crime seguiu-se o processo cível. A mãe de Diogo Macedo pediu uma indemnização de 210 mil euros à Fundação Minerva, que detém a Universidade Lusíada. O tribunal deu como provada a morte, em consequência de lesões provocadas.

Este e outros dados levaram o Tribunal Cível de Famalicão a dar como provada a morte do estudante, em consequência de uma pancada, alegadamente, desferida durante a praxe.

 

 A notícia mais desenvolvida e comentada no blogue do M.A.T.A.:

 

http://blogdomata.blogspot.com/2009/09/cominucado-de-imprensa-sobre-decisao-do.html

  

NA IMPRENSA:

 

Sol, 27 de Setembro de 2009

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=149223 

 

Correio da Manhã, 26 de Setembro de 2009

 

http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=301BDB21-F57B-4F61-A45A-0C15DD73E8D4&channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009

 

Correio do Minho

http://www.correiodominho.com/noticias.php?id=14964

 

Jornal i

 

Praxe: Lusíada tem de pagar 90 mil euros à família de aluno morto

por Pedro Sales Dias, Publicado em 26 de Setembro de 2009

 

http://www.ionline.pt/conteudo/24829-praxe-lusiada-tem-pagar-90-mil-euros--familia-aluno-morto

 

Público

"Condenação da Universidade Lusíada leva MATA a pedir reflexão sobre praxes"

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1402587


NOS ARQUIVOS

 

A Grande Reportagem de Felícia Cabrita (em 2004), que numa semana investigou mais do que a polícia em 3 anos.

 

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=149242  

 

publicado por contracorrente às 19:28

05
Jul 09

 

Praxes não podem atentar contra os direitos

PÚBLICO, 04.07.2009, Francisco Teixeira da Mota

Para o STJ, uma escola superior deve promover os valores humanos, para além de ministrar conhecimentos científicos

As praxes académicas têm uma notável tendência para se tornarem exercícios imbecis e gratuitos de poder por parte dos "doutores" visando a humilhação dos caloiros. O caso ocorrido em 2002 na Escola Superior de Enfermagem do Instituto Piaget, em Macedo de Cavaleiros, em que a caloira Ana, para além de humilhada pelos seus "colegas", foi repreendida por escrito pela Direcção da Escola "pela forma subjectiva excessiva como relatou os factos, que sabia não terem a gravidade que decorre da sua exposição, tal como ela própria reconheceu", chegou ao seu termo. E pode dizer-se, genericamente, que o final é saudável e que prestigia a nossa justiça (e o nosso país...). No passado dia 25 de Junho, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) num acórdão subscrito pelos juízes conselheiros Garcia Calejo, Helder Roque e Sebastião Póvoas não teve dúvidas em condenar o estabelecimento de ensino em causa a indemnizar a ex-aluna na quantia de  38.540,67 Euros, sendo  13.540,67 Euros pelas despesas que lhe foram causadas e 25.000 pelo sofrimento por si vivido. O estabelecimento defendeu-se alegando a sua irresponsabilidade no que acontecera à Ana, já que esta podia ter evitado a praxe, declarando-se antipraxe - passando, é certo, a ser tratada por "bosta" ou por "verme" e a não poder participar em qualquer actividade académica, como simples festas, reuniões ou conferências -, e, de qualquer forma, não tinham sido os órgãos do Instituto, nem ninguém a mando deles, quem praxara a aluna em causa. Esclareça-se que nas praxes em causa foi ordenado à Ana que vestisse do avesso a roupa da cintura para cima e que colocasse o soutien do lado de fora da roupa, tendo tal mudança da posição da roupa e do soutien sido feita resguardada de olhares alheios, na casa de banho, tendo, ainda, sido ordenado que simulasse orgasmos com um poste de iluminação, que rebolasse na relva e que carregasse com arreios de um burro. A grande questão jurídica que se punha era a de saber se o Instituto Piaget era ou não responsável pelo que sucedera à Ana nas suas instalações, no âmbito da praxe que se encontrava institucionalizada no referido estabelecimento de ensino através de um "Regulamento de Praxes de Alunos" que era do conhecimento (e aceite) pela Direcção da Escola. O STJ sobre a matéria chegou a importantes conclusões que convém todos sabermos e que, certamente, da sua tumba, Jean Piaget terá aprovado. Para o STJ, "um estabelecimento de ensino superior deverá, por essência, promover os valores humanos, para além de ministrar, fomentar e impulsionar os conhecimentos científicos. Deverá, assim, impulsionar o dever de respeito dos direitos fundamentais do homem, acautelando que esses direitos, designadamente os direitos de personalidade de uma pessoa, não sejam ofendidos". E acrescentou o STJ que "embora não se possa negar a possibilidade de as diversas universidades do país terem e exercerem as suas praxes, onde alguma irreverência será até aceitável, não será admissível que com essas praxes se venham a exercer violências físicas e morais sobre alunos, designadamente sobre os mais desprotegidos (os que se aprestam a frequentar o 1.º ano), para gozo e júbilo de alguns e sofrimento (moral e físico) dos atingidos, os mais fracos".

Para os referidos juízes conselheiros, "um estabelecimento de ensino superior tem o dever jurídico e social de impedir que seja levado à prática nas suas instalações um "Regulamento de Praxes de Alunos" contendo praxes humilhantes e vexatórias, procedimentos constrangedores que podem levar ao exercício de violência física e psíquica sobre os alunos, claramente restritivas dos direitos, liberdades e garantias dos visados". E, por isso mesmo, um "estabelecimento de ensino que contempla com a vigência de um Regulamento da Comissão de Praxecom tais características é responsável, por omissão, pelos danos sofridos por uma aluna que foi submetida a praxes dessa natureza". O Instituto Piaget, no entender do STJ, deveria ter actuado não propriamente para retirar actos concretos de praxe constantes do regulamento mas para tornar inócuas, nesse regulamento, as expressões ofensivas e ameaçadoras nele contidas de direitos de personalidade de alunos seus - como as expressões "bostas" ou "vermes" -, bem como para afastar a pesada coacção a que eram sujeitos os estudantes que se recusavam a ser submetidos à praxe, passando a ser uma espécie de párias. No entender do STJ, incumbia igualmente à escola providenciar pela segurança e bem-estar dos alunos, nas suas instalações, em virtude do contrato que celebrara, protegendo-os de violações à sua integridade física ou moral. O Acórdão do STJ confirmou, no essencial, a decisão do Tribunal da Relação do Porto que já condenara o Instituto Piaget a indemnizar a Ana, mas convém salientar que o tribunal de 1.ª instância absolvera o mesmo Instituto, nomeadamente por considerar que não cabia no âmbito da acção proposta pela Ana "apreciar da bondade global do Regulamento de Praxes dos Alunos, designadamente quanto às sanções nele previstas em caso de recusa de praxe, porquanto esse é um problema que ultrapassa o que está em causa na acção e que são os concretos actos de praxe a que a autora foi sujeita". Uma visão formalmente defensável mas geradora de injustiça e que foi devidamente corrigida pelos tribunais superiores. Já que a justiça não se agradece, resta-nos agradecer à Ana por ter levado até ao fim a sua luta cívica. Advogado (ftmota@netcabo.pt)

 

 

publicado por contracorrente às 22:41

20
Jun 09

As primeiras palavras vão para a dor desta família. Pela marca permanente da perda de um filho. Também pela sua persistência em arrastar esta dor exigindo o mínimo, justiça.

 

Qualquer que seja o veredicto final, com implicações materiais ou não, fica clara a responsabilidade moral por um acto altamente reprovável. O homicídio é um crime, ponto. Do qual terão que existir obviamente responsáveis.

Estaremos atentos aos desfecho.

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Aluno morreu por causa de praxe, conclui tribunal

20.06.2009 O Tribunal Cível de Famalicão considerou ontem provado que um membro da Tuna da Universidade Lusíada morreu durante uma praxe ao ser atingido na "nuca" com uma revista. A posição foi expressa pelo juiz José Manuel Flores, responsável pelo processo cível, ao dar a conhecer a resposta a 51 quesitos. O relatório da autópsia refere que o estudante Diogo Macedo sofreu "fractura da 1.ª vértebra cervical, arco posterior, com hematoma extenso no cerebelo direito", podendo ter sido provocada pela agressão sofrida no interior do edifício da universidade.
O advogado da universidade já disse à Lusa que vai responder às conclusões do juiz do processo, das quais discorda. "Nada do que está dado como provado nos quesitos resulta do processo", referiu o causídico António Viana Dias. O advogado de defesa da Lusíada e João Nabais, representante legal da mãe de Diogo Macedo, têm agora 30 dias para contestar os quesitos. "É claro que vamos pedir para repor a verdade", frisou ainda António Viana Dias.
Neste processo, o Tribunal Cível de Famalicão pretende apurar se houve ou não responsabilidade da Universidade Lusíada na morte de um aluno, alegadamente ocorrida durante uma praxe da Tuna Académica.
A mãe de Diogo Macedo, o aluno da Lusíada morto em 2001, seis dias depois da alegada agressão, pede 210 mil euros de indemnização à Minerva, a fundação que detém a Lusíada. A morte deste aluno, com 21 anos à data dos factos e a frequentar então o 4.º ano do curso de Arquitectura, não deu lugar a qualquer processo-crime. O caso ainda foi investigado pelo Ministério Público de Famalicão, que acabou por o arquivar em 2004, alegando falta de provas. A sentença do processo cível deverá ser comunicada às partes ainda antes das férias judiciais.

 

http://jornal.publico.clix.pt/

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DN, 19/06/2009

 

Tribunal considerou quesitos provados

Aluno morto há 8 anos em praxe por pancada com revista

 

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1267428&seccao=Norte

publicado por contracorrente às 00:04

06
Dez 08

 

 

Transcrevemos do Blog do M.A.T.A. a decisão do Tribunal da Relação do Porto:

 

I - Constitui ilícito civil a conduta de uma instituição do ensino superior que embora conhecendo o conteúdo de um “Código de Praxe” ofensivo, e intimador, violador da dignidade da pessoa humana, permite que o mesmo continue a ser aplicado.
II - Tal instituição tem o dever específico de respeitar, fazer respeitar e promover direitos fundamentais, como o respeito mútuo. A liberdade, a solidariedade, a dignidade da pessoa humana.
III - Como tal a instituição tem a obrigação de indemnizar quem tenha sido ofendido pelas ditas praxes académicas, relativamente aos danos patrimoniais e morais.

(sumário do acórdão do Tribunal da Relação do Porto)

http://blogdomata.blogspot.com/2008/12/quem-disse-que-as-escolas-no-tm-nada.html

publicado por contracorrente às 00:18

28
Mai 08

http://jpesperanca.blogspot.com/2008/05/ana-uma-moa-de-coragem.html

 

Ana, uma moça de coragem

 
Ana Francisco Santos, uma moça que foi submetida a brincadeiras de mau gosto conhecidas habitualmente por praxe, teve a coragem de denunciar os agressores e estes acabam de ser condenados em tribunal. Há muitas Anas por este país que passam por experiências semelhantes e tentam relativizar e desculpabilizar esses actos porque têm medo de "levantar ondas"... Ou talvez tenham receio de encontrar um juiz que tenha sido praxista e que nunca tenha chegado a crescer como ser humano. Neste país de gente "que se fica", de amedrontados perante os poderosos e os prepotentes, a atitude da Ana devia ser um exemplo para todos nós.

 

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Alunos da Escola Superior Agrária de Santarém condenados por praxe violenta a caloira
 


 Os sete alunos foram acusados pelo Ministério Público dos crimes de coacção e ofensa à integridade física de uma caloira que foi barrada com excrementos. Um arguido foi considerado culpado do crime de coacção e seis foram considerados culpados do crime de ofensa à integridade física qualificada. A pena reflectiu o sofrimento da caloira, que se constituiu como assistente no processo, refere o Tribunal de Santarém. A sentença é “inédita” em Portugal e “pedadógica”, tal como havia sido pedido ao tribunal, comenta a advogada da antiga caloira. A representante legal dos acusados admite apresentar recurso, mas para já vai analisar a sentença do Tribunal de Santarém.

 

RTP 2008-05-23
 
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Ainda a praxe…

Cara leitora, imagina que vais na rua e um desconhecido te exige que lhe entregues o Bilhete de Identidade, que removas uma ou mais peças de roupa, que o deixes pintar-te toda a cara e pôr-te pasta de dentes no cabelo. Imagina que ele te diz que tu és pior que um verme, que te manda cantar canções com letras obscenas e que te faz deitar no chão enquanto um gajo que não conheces de lado nenhum faz flexões em cima de ti. Isso é… Bem, isso é agressão, assédio sexual, atentado contra o pudor, ou outras coisas inventariadas no código penal. Imagina agora que o tal desconhecido está vestido com capa e batina pretas. Isso é praxe!
A praxe não é coisa nova, os rituais de iniciação são velhos como a humanidade. Nas sociedades tradicionais a entrada na vida adulta é normalmente precedida de provas que podem assumir a forma de mutilações como a circuncisão e a excisão. Por cá as práticas foram mudando, mas quem nunca ouviu a geração dos nossos pais a dizer coisas como «não é homem quem nunca foi à tropa»? E o mundo militar é pródigo nestas coisas. As provas são tanto mais duras e os rituais mais elaborados e penosos quanto é restrito o acesso ao estado, grau ou instituição de que se quer fazer parte. Um instrutor de uma tropa de elite pergunta ao jovem recruta exausto e ofegante: «Você está cansado? Ai sim? Então faça lá mais trinta flexões… E agora, está cansado? Não? Ainda bem, nós queremos aqui homens de barba rija e com tomates. Venha de lá uma completa de cinquenta!...» Se o infeliz não faz o que lhe pedem é colocado fora do grupo, indigno de pertencer aos “eleitos”: «Então berre aí bem alto para os seus camaradas ouvirem que você é um paneleiro de merda que só presta para o “arre-macho”». Quem não se submete não pode ser um “iniciado”, um “veterano”, e é ameaçado com a ostracização. «Se não fores praxado, não vais fazer amigos na Faculdade».
Antigamente a praxe coimbrã era altamente ritualizada, quando ser estudante universitário era inacessível à maioria da população. O caloiro não podia andar na rua depois das sete, sob o risco de ser apanhado pelas trupes e ser mimoseado com penas como o cabelo rapado. Tinha também “protecções”, como o facto de estar acompanhado pelo pai ou pela mãe na ocasião, por exemplo, poupando assim ao vexame os familiares. A praxe tinha regras que os veteranos tinham também de seguir. A massificação do acesso à universidade, em vez de tornar obsoletos estes rituais, “apimbalhou-os”, pô-los ao nível da sociedade “Big Show Sic”. Entre a praxe desses tempos (a tal “tradição académica” de que eles falam) e a palhaçada actual há a mesma relação que existe entre o confessionário da aldeia dos avós (onde o pároco ameaçava com o fogo do Inferno quem não cumprisse as penitências todas) e o “Perdoa-me”, aquele programa de televisão execrável que era líder de audiências.
Também já defendi a praxe, mas depois pus-me a pensar, um hábito que se vai tornando cada vez mais raro nas nossas universidades. Que “integração” traz a “praxe”? Não há maneiras melhores de fazer amigos do que ser humilhado, ridicularizado, usado como um boneco masoquista nas mãos de sádicos ou de pessoas com problemas não-resolvidos ao nível da socialização ou da sexualidade? A preocupação com a dignidade do ser humano não pode começar aqui mesmo com os nossos colegas inexperientes, caloiros recém-chegados a este mundo que deveria ser do humanismo, da busca do conhecimento?
P.S. – Não tenho brincos no nariz, nas orelhas, nas sobrancelhas ou em qualquer outro lugar mais íntimo, nem tenho o cabelo verde, nem sou filiado ou simpatizante do Bloco de Esquerda. Evidentemente que não tenho nada – a não ser divergências ideológicas – contra quem é enquadrável nestas características, mas achei pertinente este esclarecimento porque tenho visto algumas mentalidades pequeninas a combater as ideias contra esta praxe com argumentos do género «eles dizem isso porque são radicais com o cabelo roxo».

 

João Paulo Tavares Esperança

 

 

 

Publicado no jornal “Fazedores de Letras” (da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), nº30, Dez 99, p.5

publicado por contracorrente às 11:07

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“Quando fizermos uma reflexão sobre o nosso séc. XX, não nos parecerão muito graves os feitos dos malvados, mas sim o escandaloso silêncio das pessoas boas." Martin Luther King "O mal não deve ser imputado apenas àqueles que o praticam, mas também àqueles que poderiam tê-lo evitado e não o fizeram." Tucídedes, historiador grego (460 a.c. - 396 a.c.)
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