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Anti-Praxe

Lei n.º 62/2007, art. 75.º n.º 4 b) - Constituem infracção disciplinar dos estudantes: A prática de actos de violência ou coacção física ou psicológica sobre outros estudantes, designadamente no quadro das «praxes académicas».

Anti-Praxe

Lei n.º 62/2007, art. 75.º n.º 4 b) - Constituem infracção disciplinar dos estudantes: A prática de actos de violência ou coacção física ou psicológica sobre outros estudantes, designadamente no quadro das «praxes académicas».

Tempo de Praxe

15.10.07

Domingo, Outubro 14, 2007

É tempo de praxe
Todos os anos por esta época as universidades portuguesas enchem-se de estudantes que fazem coisas ridículas sob orientação dos seus colegas mais velhos. Esta semana cruzei-me em Aveiro com um longa bicha de caloiros que vinham da ria acartando nas mãos, debaixo do sol, sacos plásticos cheios de lodo. Presumo que a intenção fosse levar aquela porcaria para a Universidade. Em Coimbra, ao pé da escadaria monumental, passei por um estudante com o traje académico que era escoltado ao caminhar por quatro colegas recém-chegados à capital da cultura universitária que o rodeavam de braços estendidos no ar agarrando a capa dele sobre a sua insigne cabeça para que esta não apanhasse sol de mais. Suponho que teria medo que o pequeno cérebro derretesse.
Chamam a isto a praxe, e a justificação dada para que os colegas mais novos se tenham de lhe submeter é a necessidade de “integração”. Só há integração para quem não fizer ondas e aceitar com humildade os tratos de polé. Os caloiros são mandados fazer figura de urso para se poderem integrar, com a promessa de que um dia também poderão ser superiores prepotentes e terão enfim o direito de mandar uma nova geração de inferiores (caloiros/lamas/lodos) fazer por sua vez figuras tristes. É a apologia da humilhação como estratégia pedagógica.
Dizem os praxistas que é bom como aprendizagem para a vida, como preparação para o mundo. Aprende-se assim a respeitar a hierarquia, preparam-se os jovens para um modelo de relações profissionais baseado não no respeito mútuo, mas nas pequeninas e mesquinhas maneiras quotidianas de lembrar quem é o superior. Um modelo onde pouco conta o mérito, onde as ideias novas ou diferentes são malvistas, no qual importante é saber lamber as botas de algum cacique. Aprende-se a obedecer sem questionar. Para que se perpetue uma cultura que promove o medo de ser o destravado da língua que comete a heresia de dizer que o rei vai nu. E que é saneado pela ousadia. A praxe é um reflexo do triste país que temos, portugalzinho no seu pior.
jpesperanca.blogspot.com
Publicada por João Paulo Esperança em 
in
Hanoin Oin-Oin  (jp

jpespesperanca

Ao Presidente do ISCTE

14.10.07

 http://gae-iscte.blogspot.com/2007/10/carta-aberta-ao-presidente-do-iscte.html

 9 de Outubro de 2007

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DO ISCTE

O GAE enviou a semana passada esta carta ao Presidente do ISCTE, com o conhecimento do Ministro da tutela.
Até agora não recebemos respota do "nosso" presidente, mas, curiosmanete, respondeu-nos o gabinete do sr. ministro, a quem nem cabia responder.

A sua resposta será em breve aqui colocada (ainda temos de a passar por um scanner).

Juntamente com a carta, enviámos o Manual de Guerra dos praxistas da nossa escola. O Manual está disponivel para tod@s que queiram dar uma vista de olhos à estratégia militar seguida pelos nossos "dignissímos veteranuns"...

Não percam!!!

Exmo. Sr. Presidente do ISCTE,
Com o conhecimento d Sr. Ministro da Tutela

No dia 24 de Setembro, segunda-feira, teve inicio a recepção aos alunos do primeiro ano. A sessão solene de abertura do ano lectivo, onde estiveram presentes o Presidente do ISCTE, Professor Doutor Luís Reto, o Presidente da AEISCTE, Pedro Inácio e, o aluno Paulo Lopes, que se auto-intitula presidente da “Comissão de Recepção ao novo aluno”. Esta comissão é, na verdade, fictícia, pois mais não é do que a comissão de praxe do ISCTE. Aparte de considerações pessoais que se possam ter sobre a prática da praxe, parece-nos consensual que o Presidente de uma instituição de ensino superior, que reúne no seu seio pessoas das mais diversas opiniões, não deve nem pode estar associado a situações de promoção da praxe como a que ocorreu durante a já mencionada sessão. Pela primeira vez, numa recepção oficial aos alunos do primeiro ano, esteve representada na mesa dos oradores a comissão de praxe com o aval do Presidente do ISCTE, inclusivamente este prestou-se ao papel de ser instrumentalizado pelo, mais uma vez, auto-intitulado presidente da “Comissão de Recepção ao novo aluno”, com o fim de garantir a boa conduta da praxe. O que é que isto significa? Muito simples:
- Estivemos presentes numa recepção ao novo aluno, em que a comissão de praxe esteve oficialmente representada. A que propósito? Com que objectivos?
- O presidente do ISCTE alinhou com a comissão da praxe, servindo de salvaguarda da mesma. Mas o que é isto? O presidente do ISCTE vai começar a praxar?
- A praxe não é nem obrigatória, nem oficial, nem regulamentada/legalizada, não deveriam os/as alunos/as ser informados disso?
- Não teria sido mais democrático ter estado presente alguém para falar de outras formas de integração?

Muita gente, entre estudantes, funcionários e docentes, estão cansados de ver alunos/as cabisbaixos, convencidos de que ou são praxados/as ou não se integram, de mãos dadas porque assim o exigem, a ouvir berros a toda a hora, a terem que berrar a toda a hora. É por todas estas razões que exigimos uma resposta esclarecedora por parte do Presidente do ISCTE, pois parece-nos o mínimo exigível face ao cargo que ocupa e às responsabilidades representativas que se lhe impõem.

O grave nesta situação não é haver praxistas e praxados. O grave desta situação é os/as novos/as alunos não terem alternativa de integração que não seja a praxe.

Aguardamos resposta
GAE
Grupo d’Acção Estudantil

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 14 de Outubro de 2007

RESPOSTA DO GABINETE DO MINISTRO DO MCTES

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR
GABINETE DO MINISTRO

ASSUNTO: INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DO TRABALHO E DA EMPRESA
PRAXE ACADÉMICA


Encarrega-me o Senhor Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de acusar a recepção da sua carta referente ao assunto em epígrafe, que lhe mereceu a melhor atenção, e de informar V. Exa. que nesta data foi solicitada ao Senhor Presidente do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa informação acerca do que expõe.

Na oportunidade permito-me assinalar que nos termos do disposto na alínea b) do n.° 4 do artigo 75.° da Lei n.° 62/2007, de 10 de Setembro (Regime jurídico das instituições de ensino superior), é qualificada como infracção disciplinar dos estudantes “a prática de actos de violência ou coacção física ou psicológica sobre outros estudantes, designadamente no quadro das «praxes académicas»”.

Com os melhores cumprimentos,
O Chefe do Gabinete
(Armando Trigo de Abreu)

Cidade Livre de Praxes

05.10.07

... e pragas!

 

http://jpesperanca.blogspot.com/2007/10/tempo-de-praxe.html?showComment=1192412940000

 

Caro J.P.,
Esta é uma contestação por demais silenciada.
Em 2005 o I P Bragança tinha eleições para Presidente, e eu lancei o desafio no mail geral@ipb para que se marcasse a diferença, criando um cidade livre de praxes.
À "provocação" responderam apenas Prof. Doutores, pedagogos. E, pelos comentários, vá lá saber-se em que manuais de Pedagogia encontram eles a recomendação para tais práticas...
Transcrevo, abaixo, o que então publiquei no meu Blog. É longo.
Corta por onde quiseres.
Boas escritas,
A.A.
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Segunda-feira, Novembro 28, 2005
REFLEXÃO
“Quando fizermos uma reflexão sobre o nosso séc. XX, não nos parecerão muito graves os feitos dos malvados, mas sim o escandaloso silêncio das pessoas boas”.
Martin Luther King
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O tribunal de Santarém promete julgar os praxadores da Escola Agrária da mesma cidade. Usando as palavras do jornal onde foi publicada a notícia, trata-se de um “acórdão inédito”. (JN, 22.Nov.05)
Desejamos que se repitam, decisões destas.
# posted by indigena @ 8:13 AM

Segunda-feira, Novembro 14, 2005
CIDADE LIVRE DE PRAXES
“Aquel que no quiso
Recurrir al recurso del silencio
Cuando ya no quedaban palabras por aquí”.
J.M. Caballero Bonald, poeta infractor

Porque o “exemplo”, das inextinguíveis praxes, ocorreu no IPBragança (podia ter sido em Faro), resolvi lançar a provocação, num mail-list geral@.
Os únicos dois intervenientes que reagiram à provocação (o IPB têm cerca de 300 docentes) são professores na ESEducação. O primeiro deles é também colunista num jornal regional. E a sua “força” de intervenção terá inibido os demais.
Nesta troca de mails, ficou por lhes perguntar a referência do manual de pedagogia que recomenda tais práticas.
Transcrevo as intervenções, para perceber por que caminhos andam os nossos pedagogos, e não só!
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EU:
Amanhã, na RTP2, às 22H35, no "Diga Lá Excelência", o Ministro Mariano Gago fala de Bragança... Infelizmente... como poderão ouvir. O tema: as praxes!
Seria interessante ouvir, no debate público desta segunda-feira às 17H, a opinião dos 3 candidatos à presidência do IPB sobre estas práticas degradantes e primitivas.
Eu sugiro, para pôr Bragança no mapa, que passe a ser declarada "CIDADE LIVRE DE PRAXES". Talvez assim possamos marcar a diferença...
[A entrevista ocorreu dia 6. Nov. e foi transcrita no jornal Público do dia 7]
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Primeiro interveniente:
«« Secundando A.A., é importante reflectir sobre as praxes e sobre o que elas podem e devem ser. É evidente que os três candidatos devem pronunciar-se sobre o tema mas chamo a atenção para o facto de que o Ministro não disse onde se tinha passado o problema: Bragança, Mirandela, Macedo de Cavaleiros ou Miranda do Douro são cidades com ensino superior. O Ministro só disse
em Bragança. Eu entendi Distrito de. Veremos então hoje, às 22h35, o que diz mais o Ministro.
(…) nem todas são práticas neofascistas e neonazis. (…)
As praxes, se conduzidas por pessoas idóneas e boas, podem ser óptimos processos de integração social. [sublinhado meu] »»

………………………
Segundo interveniente:
«« Ainda bem que alguém se lembrou de falar na entrevista do Ministro, pois, assim, mais gente teve, certamente, o cuidado de a ouvir. Creio que, no que respeita ao problema das praxes, o essencial já foi dito pelo anterior interveniente. Para lá de uma posição preventiva e reeducativa, trata-se, como disse o Ministro, de cumprir e fazer cumprir a lei e estimular a coragem dos «iniciados» a denunciarem as situações abusivas. »»
………………………………..
EU, de novo:
(…) não vale a pena alimentar diálogos de fórum a três. Percebe-se a incomodidade deste assunto, até quando o programa foi anunciado na véspera dizendo apenas “Ministro Mariano Gago critica as praxes”. Também porque não poderei assistir ao debate. E porque sei que uma só vontade, do candidato vencedor, não será suficiente para a mudança, perante o imobilismo dos demais. Há muito mais a dizer certamente sobre as praxes, em outra oportunidade. Contraponho só ao discurso maioritário as palavras de
Eduardo Prado Coelho, Ana Sá Lopes, José Pacheco Pereira, Inês Pedrosa, Graça Franco, Rodrigo Guedes de Carvalho, Manuel António Pina, entre outros. Podem ser lidas em
http://adsl.tvtel.pt/antipodas/cronicas.htm

Aos candidatos, bom debate!

# posted by indigena @ 8:53 PM