Para além dos ditos, ingénuos e enganados que vão na manada, há os outros figurantes que se sentam nas Tribunas de Honra em dia de cortejo, e prestam honras ao que não é devido.
E no meio deste alcoholocausto, sem medo das palavras, por se tratar de uma verdadeira orgia de álcool que os meninos/as figurantes desempenham no desfile e os pais/mães embasbacados nas filas laterais do cortejo aplaudem ou consentem, os que dissentem são sempre os mesmos "velhos do restelo" que teimam(os) em querer melhorar o mundo.
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Um festival de “jabardices” e hipocrisia na Queima das Fitas
José Pacheco Pereira, 11 de Maio de 2019
https://www.publico.pt/2019/05/11/sociedade/opiniao/festival-jabardices-hipocrisia-queima-fitas-1872211
A Queima das Fitas é um evento da praxe, está associado à mesma cultura estudantil das “jabardices” da praxe.
Em vários casos ligados à praxe, nos últimos anos, houve de tudo, violações, vandalismo, todos os abusos do catálogo, feridos e mortos. Não é um exclusivo português.
Tudo isto conta com uma enorme complacência da sociedade, que só tem paralelo com a violência organizada das claques de futebol, trazidas por uma operação militar-policial para os estádios como um bando de mastins que precisam de açaimo.
A sociedade, a começar pelos paizinhos e mãezinhas dos meninos e das meninas, fecha os olhos para este festival de abusos da praxe, que faz explodir qualquer lista de causas “politicamente correctas”.
O que é interessante é ver o habitual cortejo de intelectuais que explicam as claques, os carnavais e as saturnálias como uma natural catarse social, mas ao mesmo tempo se preocupam muito com a violência de género, com o racismo, com o sexismo, etc. Meus caros amigos, tirem daí o sentido: não há futebol sem violência, não há Queima nem praxe sem sexismo nem violência de género. Está inscrito no ADN da coisa. Se querem acabar com um têm que acabar com o outro. E convém não esquecer que ambos são um bom negócio.
O comunicado da FAP e alguns comentários de especialistas são exemplos desta gigantesca hipocrisia.
Agora não me venham com a propaganda do “valor” deste tipo de actividades colectivas, porque sendo colectivas são uma questão social, económica, cultural e política. E aqui não está em causa qualquer moralismo, mas a defesa de alguma sanidade pública que as democracias e a liberdade precisam.