Drª Manuela Eanes:
"Eu fico muito chocada com as praxes que têm havido ultimamente. Na altura havia uma coisa muito importante: recebíamos as caloiras com um lanche, ficávamos madrinhas de algumas. Se houvesse algum problema podiam contar connosco. Acho que isso é que é o verdadeiro espírito universitário: ficarmos responsáveis pelos mais novos. É muito importante estarmos abertos aos colegas, permitir que eles se sintam bem, pois a mudança de ambiente é muito difícil para alguns. Há tantos movimentos para tanta coisa. Acho que deveria haver um movimento para pôr fim às praxes agressivas, desumanas e degradantes».
Prof. Diogo Freitas do Amaral:
"A praxe académica não só não servia para qualquer fim útil, como se traduzia na maioria dos casos em violação dos direitos humanos fundamentais, tanto dos caloiros como sobretudo das caloiras».
«Que sentido faz, perguntou aos mais velhos, vocês receberem os mais novos nesta casa, que é de todos, com exigências imorais, mangueiradas e humilhações? Acolham os caloiros com simpatia, mostrem-lhes os cantos à casa, expliquem-lhes como é diferente a universidade do liceu, e ofereçam-se para os ajudar nas dificuldades que vierem a enfrentar nas disciplinas do primeiro ano. Isso, sim, será uma autêntica solidariedade académica!»
«Foi o que se fez, acrescenta, logo em outubro de 1998. E a experiência foi um sucesso! Só é pena que ainda hoje, em pleno século XXI, haja universidades portuguesas que consintam na continuação da estúpida tradição, marialva e machista, da velha praxe académica, e que todos os governos (de direita e de esquerda) revelem medo de a proibir… Ainda não perceberam que essas praxes são muito piores que as touradas?!»
Diário do Minho, por Silva Araújo, 05 Set. 2019
https://www.diariodominho.pt/2019/09/05/praxes-academicas-e-faltas-de-respeito/