Praxa (quase) Mata
Aluno sofre uma ruptura de aneurisma após praxe
Um aluno da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria sofreu a ruptura de um aneurisma cerebral, depois de uma praxe académica. A escola pondera a abertura de um processo de averiguação. Apesar dos receios da família, não está provada relação directa entre o incidente e o ritual.
Luís (nome fictício) tem 18 anos e é aluno do primeiro ano do curso de Engenharia Electrónica da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Politécnico de Leiria. Na passado dia 22, o jovem participou nas actividades de recepção ao caloiro - um desfile pelas ruas e o "baptismo", num jardim da cidade. Começou a queixar-se de fortes dores na cabeça e vómitos, acabando por ser transportado ao Hospital de Santo André, naquela cidade.
Fonte daquela unidade explicou que o aluno deu ali entrada, cerca das 21 horas, "com referência, pela pessoa que o acompanhava, de consumo elevado de bebidas alcoólicas". Permaneceu internado até à manhã do dia seguinte. Segundo o hospital não apresentava qualquer queixa nessa altura.
Mas a mãe do jovem contou ao JN que "as dores não passaram e foram-se intensificando".
Por isso, no sábado, voltou ao hospital. Foi-lhe diagnosticada, então, uma hemorragia intracraniana resultante da ruptura de um aneurisma cerebral (ver caixa), tendo sido transportado ao serviço de neurocirurgia do Centro Hospitalar de Coimbra, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica, na última terça-feira, que se prolongou por mais de sete horas. Permanece internado.
A mãe explica que, até sábado, ninguém sabia que o jovem tinha um aneurisma. E mostra-se convencida de que as actividades realizadas durante a praxe académica "poderão ter contribuído" para a ruptura.
"É certo que a ruptura de um aneurisma pode acontecer em qualquer circunstância, mas o que os alunos são sujeitos nas praxes - os pinotes, os banhos de água fria - podem provocar danos a quem tenha problemas de saúde, mesmo que não saiba". Por isso, adverte os outros pais para que, sempre que possível, "evitem que os filhos andem nestas coisas".
Carlos Neves, responsável da ESTG, afirmou ao JN que a escola está a ponderar abrir um processo de averiguação para apurar o que se passou naquela praxe. Ontem, o responsável ouviu os familiares do aluno, a Comissão de Praxes da escola e outros jovens que participaram nas actividades.
"Por aquilo que nos foi dito até agora, não se terá passado nada de anormal, mas estamos a averiguar se haverá uma relação directa entre a praxe e o acidente", afirmou.
[Estes actos dentro de instituições de ensino/educação são normais?!!]
Carlos Neves sublinhou que, apesar dessas actividades serem externas à escola, os responsáveis da ESTG procuram "controlar e observar", de forma a evitar eventuais excessos.
Rita Genésio, da Comissão de Praxes, contou que na véspera da praxe (terça-feira à noite), Luís terá assistido a dois concertos, integrados no programa de recepção ao caloiro. "Não terá dormido nessa noite e, quando iniciou as actividades, devia estar muito cansado", afirmou, assegurando que no dia de praxe "não houve excessos".
http://jn.sapo.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=1036366
Jovem de Leiria operado na sequência de praxe
Mais um caso de praxes violentas
Um jovem de 18 anos, estudante na Escola Superior de Tecnologia e Gestão
(ESTG) de Leiria, foi operado na terça-feira a um aneurisma cerebral,que rebentou na quarta-feira anterior alegadamente depois de sido praxado.
O aluno saiu na quarta-feira dos cuidados intensivos do Hospital dos
Covões, em Coimbra, onde ainda se encontra internado, mas a evolução do seu estado de saúde é favorável. Fátima Monteiro, 46 anos, diz que
sentiu uma “grande alegria” quando viu ontem o seu filho a caminhar com o apoio de uma enfermeira, apenas três dias depois de ter sido submetido
a uma intervenção cirúrgica “perigosíssima”, que teve a duração de sete
horas. O aneurisma estava alojado atrás do olho esquerdo, mas a mãe do jovem garante que não ficou com a visão afectada. O aneurisma cerebral
rebentou depois de Ricardo ter sido submetido à cerimónia de “baptismo”
na Fonte Luminosa, em Leiria, onde lhe mergulharam a cabeça em água
fria. Fátima Monteiro conta que o filho “gritava agarrado à cabeça” devido à
intensidade das dores, associadas a febre e a vómitos. Depois de várias
deslocações ao hospital, exames suplementares de diagnóstico detectaram
um aneurisma já na madrugada de domingo, ao qual foi operado dois
dias depois em Coimbra. “Foi um mês inteiro de brincadeira.
Só faziam parvoíces. Mas o Ricardo adorou as praxes. Parecia um tolo”,
conta a mãe. O presidente da ESTG, Carlos Neves, considera a “situação
infeliz”, mas defende que foi uma coincidência o aneurisma ter rebentado naquele dia.
www.publico.pt 31 de Outubro de 2008