Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Anti-Praxe

Lei n.º 62/2007, art. 75.º n.º 4 b) - Constituem infracção disciplinar dos estudantes: A prática de actos de violência ou coacção física ou psicológica sobre outros estudantes, designadamente no quadro das «praxes académicas».

Anti-Praxe

Lei n.º 62/2007, art. 75.º n.º 4 b) - Constituem infracção disciplinar dos estudantes: A prática de actos de violência ou coacção física ou psicológica sobre outros estudantes, designadamente no quadro das «praxes académicas».

Nós não vivemos no séc XIX!

02.09.17


"Também era tradição a escravatura e não é por isso que a defendemos

Luís Monteiro garante em entrevista ao Vozes ao Minuto que o Bloco de Esquerda "não largará a luta por um Ensino Superior democrático e inclusivo".

https://www.noticiasaominuto.com/politica/855988/tambem-era-tradicao-a-escravatura-e-nao-e-por-isso-que-a-defendemos
14:50 - 31/08/17 por Melissa Lopes

- Está aí à porta o início de um novo ano letivo e com ele virá, como sempre, o tema das praxes. Não há nenhum argumento válido para essas práticas continuarem a existir? O da tradição é um dos mais usados.

- Essa é uma discussão grande. As tradições têm muito que se lhe diga. Também era tradição a escravatura, as touradas, e não é por isso que as temos de defender. Mas as praxes vão um bocadinho para além disso. Se é verdade que na Academia, ou em parte da academia, isso foi tradição no passado, também é verdade que houve um movimento que quis fazer com que as praxes ressurgissem. E esse ressurgimento no final dos anos 80 tem tudo menos que ver com tradição, teve que ver com opções políticas, existiram até escritos de juventudes partidárias da altura que diziam que para combater movimento estudantil à Esquerda era preciso criar um pólo mais conservador, mais fechado na academia. Esse projeto foi conseguido, o neo-liberalismo ajudou a isso, os anos negros, de chumbo, do 'Cavaquismo' no início do neo-liberalismo em Portugal trouxeram de novo a realidade das praxes.

As denúncias públicas que têm existido tem sido fundamentais. Não só para um combate político e ideológico. Acima de tudo as praxes devem ser, e eu encarei-as assim desde sempre, como um problema social de uma sociedade que no século XXI assume serem normais práticas do século XIX. Mais do que tudo, precisamos de ter uma visão socialmente crítica das praxes. E esse é o consenso que precisa de ser construído na sociedade portuguesa. Quando, o ano passado, tive a oportunidade de contudo de construir a carta em nome de uma alternativa à praxe, com cem personalidades, foi exatamente isso, um consenso. A prova de que são precisos consensos em relação à praxe é que desde atores, a governantes, a ex primeiros-ministros, cientistas, professores académicos, músicos, etc, se uniram em torno do mesmo. Nós não vivemos no século XIX e, a partir da análise objetiva e factual que não vivemos no século XIX, então a vivência na universidade tem que ser correspondente ao tempo do século XXI, com tudo de bom e de mau que isso tem.  Com certeza haverá abusos, bullying a ser combatido e uma série de outras coisas, mas, acima de tudo, não podemos continuar a perpetuar um modelo que nada tem a ver com uma sociedade moderna, democrática, inclusiva, justa, que respeite o outro e a diferença. É preciso combater as praxes de frente, sem nenhum tipo de dúvidas em relação a isso.