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Anti-Praxe

Lei n.º 62/2007, art. 75.º n.º 4 b) - Constituem infracção disciplinar dos estudantes: A prática de actos de violência ou coacção física ou psicológica sobre outros estudantes, designadamente no quadro das «praxes académicas».

Anti-Praxe

Lei n.º 62/2007, art. 75.º n.º 4 b) - Constituem infracção disciplinar dos estudantes: A prática de actos de violência ou coacção física ou psicológica sobre outros estudantes, designadamente no quadro das «praxes académicas».

Um mundo velho

29.01.14

A descoberta da praxe

Por Carlos Corrêa, Professor Jubilado da Faculdade de Ciências do Porto

2014-01-28
Na sequência dos acontecimentos do Meco, o país entrou em histeria com a descoberta de uma prática académica coimbrã, copiada por estudantes de outras escolas com pouca imaginação e falta de sentido de humor. As novas escolas, muitas vezes de vão de escada, também tinham de inventar as suas tradições.
Como professor da Faculdade de Ciências do Porto, sempre combati e reagi contra os atos de praxe abusivos com que deparava fora das salas de aula, em especial caloiros rastejantes apelidados de “bestas” pelos chamados “doutores”. Não me consta que nesta Faculdade tenham alguma vez existidos atos susceptíveis de uma intervenção por parte do Ministério Público, o que não significa que os atos praticados em relação aos caloiros não sejam condenáveis.
Na realidade, numa altura em que os direitos das pessoas são altamente valorizados, às vezes em demasia em relação aos deveres, é chocante ver pessoas a serem docilmente insultadas e humilhadas como preço a pagar por uma possível integração no meio académico.
Há muitas maneiras de efectuar a desejada integração dos novos alunos, de um modo natural, sem abusos nem humilhações, sem prejuízo do rendimento escolar, sem palhaçadas nem fracas figuras, sem palavrões, sem os gritos histéricos de minúsculas “generalas” a comandar tristes procissões de caloiros pelas ruas da cidade.
Os mais velhos, certamente recalcados na sua mediocridade, preferem este modo autoritário de se imporem aos pobres caloiros que não se importam de pagar este preço miserável para serem integrados e, para o ano, poderem ser os novos “doutores” da mula russa a comandar as tropas! É bem verdadeiro o ditado “Se queres conhecer o vilão …”.
O significado cívico-político deste comportamento dócil dos caloiros foi bem retratado por Pacheco Pereira e Daniel de Oliveira mas o mais chocante é a transformação de uma iniciativa que podia ser divertida sem ser ofensiva (se houvesse o tal espírito académico, um pouco de sentido de humor, um pouco de imaginação) numa série de atos sem graça, sem imaginação, sem alegria, com linguagem grosseira e repetição constante de asneirolas para que um grupo dos chamados “doutores” da mula russa brinque como criançolas mentalmente atrasadas.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=58277&op=all